quarta-feira, 4 de novembro de 2015

PHDA: Lidar com o Estigma

PHDA: Lidar com o Estigma

Neste mês de Outubro foi mais uma vez o mês da consciencialização da PHDA. Foram vários os eventos realizados por várias entidades, para a informação e desmistificação desta perturbação. Mas a principal luta é a luta diária dos portadores e das suas famílias.

Muitos pais ou adultos com PHDA preocupam-se de que a divulgação do diagnóstico possa vir a ter consequências negativas. Irá a criança ser rotulada escola e mudaram as expectativas para essa criança? Será que um empregador começará a julgar um empregado de forma diferente se ele admitir ter PHDA? O que acharam os membros da família alargada? Os amigos? Os colegas de trabalho? Os companheiros de equipa?

Estas questões têm de ser abordadas directamente e cuidadosamente consideradas, onde cada caso é um caso. Por medo ou vergonha muitas vezes as crianças e os adultos com PHDA deixam de ter apoios que seriam cruciais para si porque tem medo de divulgar o diagnóstico. Precisamos aprender a desenvolver e a dar aos nossos filhos habilidades para lidar com comentários e julgamentos equivocados e preconceituosos.

Devemos ter em mente que a PHDA é uma condição crónica que com o decorrer do tempo e com o acompanhamento adequado pode ter as suas características amenizadas, mas os problemas que advêm da perturbação não serão resolvidos de um dia para o outro, é necessário tempo, paciência e dedicação.
Na minha opinião é importante que quem trabalha / lida com os PHDA tenha ao seu dispor todas as informações pertinentes. Devem saber quais são as suas características e ter informações de como lidar e resolver os problemas que podem surgir. Se apenas as pessoas ao nosso redor souberem do diagnóstico da PHDA, só elas ficam a saber da complexidade e dificuldade de se viver com esta perturbação e apenas elas perceberam os desafios e as lutas diárias que enfrentamos por causa disso.

Para todos os PHDA o nosso maior sofrimento vem do rótulo, mesmo para as crianças que lutam com as dificuldades de aprendizagem esse será o seu maior sofrimento e que muitas das vezes as irá acompanhar por toda a vida. O facto de a comunidade olhar para nós e ver apenas um hiperactivo, alguém que é preguiçoso, ou a criança que é mal-educada nos dificulta muito a vida e afecta a nossa saúde mental, porque por mais que nos esforcemos apenas verão o rótulo, nunca além dele.

Só através da divulgação e informação da comunidade geral sobre o que é a PHDA e do que significa viver com PHDA poderemos vencer o preconceito e derrubar os estereótipos e os estigmas da nossa condição. Para isso é necessário nos expormos, expormos a nossa condição e explicarmos exaustivamente que é uma alteração neu-biológica.

O facto de termos receio na divulgação do diagnóstico, de fazer da PHDA um problema sigiloso, escondido implica que é algo do qual nos envergonhamos e que a culpa poderá ser nossa. Não podemos exigir respeito dos outros se nós não nos respeitamos e nos aceitamos com todas as nossas características. Características que não são todas boas, nem todas más… apenas diferentes. Temos apenas um cérebro que funciona de maneira diferente e que precisa de mais trabalho e atenção para nos adaptarmos à sociedade actual. Mas não podemos deixar de exigir que a sociedade também se adapte a nós.

Sem comentários:

Enviar um comentário