sexta-feira, 25 de abril de 2014

As familias, a sociedade e o suporte




Ultimamente tenho me deparado com vários profissionais da área da psicologia que afirmam ser contra a medicação para a PHDA. Afirmam que se houver suporte familiar a coisa resolve-se.

Vamos lá ver uma coisa, na minha opinião, se estas crianças não tiverem um suporte familiar firme e um amor incondicional, como podem sobreviver as atrocidades dos seus pares e de alguns profissionais com os quais passam a maior parte do dia.

Mas com a classe dos professores, salvo raríssimas exceções, as coisas ficam bem piores e é por isso que medicamos os nossos filhos, pois temos que tentar fazer com que eles se acomodem socialmente durante as aulas. Sim, são crianças, muitas das vezes mal compreendidas, muitas das vezes mal tratadas física e psicologicamente.  Na escola por vezes o reforço positivo funciona com palavras como atrasadinho, burrinho, palerminha (todas no diminutivo, mas todas negativas e ofensivas), ou ainda com outras como preguiçoso, lerdo, distraído. Sim, meus filhos ouviram algumas destas palavras da boca de várias professoras. Como se comportarão os colegas ao ver o adulto dar estas alcunhas ao colega? Como serão os intervalos desta criança? Sozinha ou a ser gozada e humilhada por todos? As auxiliares estão "distraídas" e raramente vêm a criança a sofrer estes maus tratos.

Se não forem os pais, em casa a afirmar o seu valor, a tentar elevar sua autoestima, amá-los incondicionalmente e tratá-los como eles merecem, o que lhes acontecerá? Depressões, tentativas de suicídio? Será a sociedade e a comunidade escolar a trabalhar com eles?

Deixem-se de demagogias e te tentarem pintar um mundo que não existe. São os pais o mundo destas crianças, é a família o seu porto seguro e sua fonte de alegria e felicidade e o seu equilíbrio.

Passem 1 mês com uma criança assim, 24 horas por dia, não apenas o tempo de uma aula, onde por vezes tudo é visto fora de contexto e na ordem errada.

Tentem ver todo o quadro...Acompanhem-nas realmente... E por favor parem de tentar enquadrar as crianças nas caixinhas certas, um portador de PHDA não se encaixa numa só caixa ( Eles tem energia, vivacidade, falta de controle da atenção, dislexia, ansiedade, comportamento de oposição, etc........)


terça-feira, 15 de abril de 2014

A associação e o seu porque


Uma das coisas que fiz depois de ter o diagnóstico de PHDA  foi a busca de informação e de uma associação.

Porquê a minha iniciativa em querer  participar numa associação?Porque sempre acreditei que devemos unir forças e quando um "problema" nos aparece, é fundamental buscar apoio e aconselhamento. Partilhar experiências, vivências...
 

Porque quando nós damos e recebemos, estamos a ajudar-nos, mas também estamos a ajudar os outros, daí a partilha. Algo que é gratificante, gera uma aprendizagem e conforto. E muitas das pessoas que convivem com a PHDA precisam dessa entre-ajuda.
Porque nós não podemos ou mesmo devemos lutar sozinhos. Precisamos de muitas vozes para nos fazermos ouvir e nós sabemos tanto, podemos ajudar tanto e informar melhor, mas, principalmente desmistificar.


Precisamos lutar por protocolos, por leis de igualdade, por condições melhores nas escolas...

 O que ganhamos numa associação?Ganhamos alívio, apoio e partilha, porque ter alguém que nos ouve e entende que estamos a passar ou a sentir, a ajudar-nos a perceber que não estamos sozinhos, que a culpa não é nossa, permite ver que podemos fornecer soluções aos outros e os outros podem trazer-nos soluções.Ganhamos uma verdadeira fonte de informações e experiências e isso é importante em relação ao PHDA. Informar e formar é essencial. O PHDA não é apenas de médicos e/ou terapeutas, é da família e do portador. Nós temos que ter voz para dar ideias, opiniões e soluções  e assim todos caminharmos em direcção ao sucesso.Muitas vezes ser ouvido é complicado quando somos apenas uma voz e quem esta à nossa volta não percebe do que estamos a falar. Torna-se mais fácil ouvir e ser entendido. Também podemos ser ouvidos mais longe e mais alto, pois somos mais e estamos unidos a defender a mesma causa, juntos na mesma luta.
 

Fazer com que o PHDA seja entendido pelas escolas, universidades e pessoal docente não será uma luta fácil e simples. Mas teremos assim, mais recursos, mais meios para fazer essa informação ser recebida e percebida.


Eu travei esta luta até aqui sozinha, sem apoios, a ter que ouvir as mesmas queixas, todos os anos, de quem não percebe ou sequer sabe o que é PHDA. Não tive apoios, não tive o suporte de uma associação que me ajudasse e protegesse, mas principalmente que lutasse ao meu lado.

Neste momento pertenço a uma associação - A DAH! - e as coisas começam a tomar forma, seja na maneira de lidar com os docentes, seja na realização de sessões de informação direccionadas aos docentes e às famílias. Temos um longo caminho a percorrer, mas estamos a dar os primeiros passos.