Depois da leitura deste artigo de opinião - Ritalina, a droga legal que ameaça o futuro - fiquei mais uma vez entre o incrédula e o desapontada com a humanidade.
A
coisa mais impressionante neste artigo é o facto de afirmarem que as crianças são
medicadas por serem questionadoras, pois, mas esquecem-se de dizer que a
grande maioria é medicada, para as aulas, em tempo de escola. À noite,
aos fins de semana e nas férias não
estão medicadas e os pais lidam com elas assim. De onde posso tirar a
conclusão de que afinal quem não suporta os questionamentos das crianças
são os professores.
E
em geral os pais só procuram a ajuda de um profissional, quando já não
sabem o que fazer com as queixas constantes que os professores
apresentam dos seus filhos, em desespero, por vezes, lá vão eles aos
pedopsiquiatras.
A PHDA é um assunto sério, de que todos tem uma opinião, em geral não informada e ou mal formada.
Está
mais que provado e comprovado por exames e estudos que o nosso cérebro -
sim, eu sou PHDA - é diferente na sua morfologia e no seu
funcionamento. Não vou estar aqui a definir a PHDA, pois quem quiser se
informar bem, pode consultar os site da DAH! - http://www.dah-a.com
Venho
sim, defender todos os portadores. Somos nós que sofremos na pele por
seremos diferentes, somos nós que somos apontados, descriminados e
rotulados. Nossos rótulos são óptimos e variados: Distraído, mal
educados, bicho carpinteiro, irrequieto, sem pontualidade, esqueçido
.... Por isso, antes de mandarem para público opiniões que nos afectam e
que rotulam também os pais, visto que ou são preguiçosos, pois não
querem ter trabalho a educar uma criança, se a medicam ou irresponsáveis
se não a medicam, pois não sabem educar uma criança.
Um
dos nossos maiores problemas é a falta de aceitação por parte de uma
sociedade que vê a uniformização como regra. Nós somos outbox e isso
incomoda imenso. Em desespero e numa tentativa de uniformização
recorremos a terapias e à medicação.
Em
relação à medicação ela funciona para nós como a insulina para um
diabético ou uma cadeira de rodas para um paraplégico, é a nossa
ferramenta para vivermos e convivermos em sociedade. Ela tem efeitos
colaterais? claro, assim como um paracetamol ou ibuprofeno, ou mesmo a
insulina. Mas os ganhos que temos na nossa qualidade de vida e nas
relações pessoais e profissionais é compensador e superam largamente
todos os efeitos secundários.
Se
é mau ser PHDA? Sim e não. Como em tudo na vida temos pontos negativos,
mas também temos pontos positivos, principalmente na criatividade.