quarta-feira, 19 de agosto de 2015

PHDA nas meninas



Há muitas semelhanças nos sintomas centrais da PHDA tanto no masculino como no femenino, mas há também muitas diferenças. Por vezes, essas diferenças dificultam ou até impedem o diagnóstico exato da PHDA nas meninas e como resultado, muitas mulheres acabam por permanecer sem diagnóstico e tratamento adequado, continuando a lutar sem ter as intervenções adequadas. Este reconhecimento tardio da PHDA nas meninas pode ter consequências graves a longo prazo.

Os sintomas de desatenção são menos visíveis:

A maioria das meninas com PHDA têm o subtipo predominantemente desatento, o que torna mais difícil o reconhecimento dos sintomas, pois os sintomas como a desatenção tendem a ser menos visíveis. Os rapazes com PHDA tem em geral níveis mais elevados de actividade ou de comportamentos impulsivos e associados com o tipo combinado da PHDA, são evidentemente mais perturbadores e, portanto, mais facilmente identificadas.

Os sintomas podem ter um "Olhar" Diferente:

Mesmo que uma menina apresente sintomas de hiperatividade / impulsividade estes comportamentos podem não ser reconhecidos como PHDA. Por exemplo, ela pode ser hiper-falante, hiper-social e hiper-reativa. Ela pode ser vista como carismática, mas também um pouco mandona, opinativa, temperamental e difícil. Ela pode lutar em casa, na escola, com os amigos e sentir uma enorme sensação de confusão e vergonha sobre sua incapacidade de gerenciar as demandas da vida diária.

Se os seus sintomas estão relacionados principalmente a desatenção, ela pode ser mais tímida e menos perceptível.

Na sala de aula, ela pode ser vista como compatível ou até mesmo como uma aluna exemplar, porque ela não é perturbadora. Apesar dessa aparência externa, internamente ela pode facilmente tornar-se oprimida,por vezes perde ou não compreende as informações importantes e as sugestões e sofre com a sua desorganização crônica e o seu baixo rendimento.

Além disso, pode parecer que ela é desinteressada da escola ou dos seus pares, a fim de mascarar as suas lutas. Ela pode fazer bem academicamente e ter boas notas, mas a quantidade de esforço e energia que ela deve exercer pode começar a tomar um pedágio como ela se move para o meio, high school, e anos de faculdade. Meninas com TDAH não tratado muitas vezes experimentam altos níveis de ansiedade, depressão e angústia.

Padrões destrutivos de auto-culpa

A visão estereotipada que muitos têm da PHDA é a da criança hiperativa e indisciplinada na sala de aula. É fácil cair no padrão de se concentrar sobre os comportamentos exteriores e de como essa criança está a perturbar e o impacto que tem nos outros. É importante que nós também vejamos a forma como a PHDA afeta a criança.

Isto é especialmente verdade para as meninas com PHDA que tendem a interiorizar os sentimentos, as experiências negativas e podem mostrar menos sintomas externos "visíveis" da PHDA. Meninas com PHDA são muitas vezes mais propensas à auto-crítica, a rotularem-se a si mesmas em termos negativos, à falta de confiança e à baixa auto-estima.

Pesquisas constatam que as meninas com PHDA podem ser mais propensas a tentativas de suicídio e auto-mutilação como jovens adultos. Elas também são mais propensas a engravidar e começar a fumar quando ainda no ensino médio, em comparação com seus pares.

Traduzido por Anabela Gomes de: http://add.about.com/od/adhdthebasics/fl/Understanding-ADHD-in-Girls.htm

sábado, 15 de agosto de 2015

A educação proíbida




Ao assistir ao documentário sobre o sistema de educação "A Educação Proibida" de 2012, fiquei com a certeza de que as minhas ideias não são assim tão disparatadas e já foram pensadas por alguém, com mais conhecimentos.

Este documentário desvenda as bases do nosso ensino “Prussiano”, que originado do padrão militar de educação da Prússia, no século 18, doutrina as crianças e jovens a viver no sistema vigente e tem como objetivo gerar uma massa de pessoas obedientes e competitivas, com disposição para guerrear. “Se estimula muito as crianças a competirem entre elas. Os melhores alunos tem reconhecimento, tem prêmios. Aquelas crianças que não se saem bem nos exames são chamadas à atenção. Em muitos casos nem sequer são levadas em conta. Todo mundo fala de paz, mas ninguém educa para a paz. As pessoas educam para a competição e a competição é o princípio de qualquer guerra.” Desde sua origem, a escola tem sido caracterizada por estruturas e práticas que hoje são consideradas obsoletas e ultrapassadas, que não acompanham as necessidades do século XXI.

Estamos num mundo de acesso fácil à informação, de livre acesso à tecnologia e continuam a querer que as crianças e jovens acreditem no que lhes ensinam apenas por que sim, por que é verdade. É inerente ao ser humano querer aprender, descobrir... mas a escola atual acaba por matar a curiosidade aos alunos, pois ao fim de tantas horas sentados em cadeiras a ouvir os adultos debitarem verdades imutáveis, sem argumentação ficam cansados e ao chegar a casa não tem nenhuma vontade de descobrir, pesquisar ou ler.

O documentário A Educação Proibida mostra as possibilidades de uma nova escola, livre, que respeita o processo de aprendizagem de cada um, com ensino prático, com a integração e a construção própria do mundo pelos alunos. A escola oferece as ferramentas para que esses futuros adultos possam construir suas próprias opiniões e visões sobre a sociedade, sem doutriná-los a aceitar tecnicamente valores e costumes sociais instituídos.

A principal falha do sistema de educação atual está no facto de ser um projeto que não leva em consideração a natureza humana da aprendizagem, a liberdade de escolha ou a importância do amor e as relações humanas no desenvolvimento individual e coletivo. As crianças vão para a escola e acabam por "desaprender", por perder a sua curiosidade, a vontade de descobrir.“O que faz com que o estudante fracasse na escola ? Não é o estudante quem fracassa, é o sistema que está mal planejado. É que as reformas educacionais atuais, em voga em muitas partes, estão mal enfocadas.”

Mas para termos um novo sistema de ensino a postura do professor também deve mudar, só com essa mudança de mentalidade por parte dos professores se começará a falar na escola livre. A hierarquização vivenciada hoje nas escolas passa pelo medo e pelo sentimento de inferioridade do aluno em relação ao professor o que não ajuda na aprendizagem. A Educação Proibida é clara: entre a figura do educador e seus alunos apenas o respeito pela individualidade e a troca de ideias formarão uma nova via de comunicação e uma sociedade mais justa e menos autoritária.

Sim, os professores se defenderão com o ministério da educação, mas mesmo com as regras impostas exteriormente, cada professor é livre de dar a matéria de maneira mais dinâmica, mais aberta. “As escolas e os colégios da América Latina não são mais do que espaços de tédio e aborrecimento. Eu sempre os convido a passar pelos colégios para que vejamos uma caricatura que tem que acabar. É um professor em frente a um quadro negro ditando aulas, em pleno século 21, isso não tem sentido.”

Quando conseguirmos ter um sistema de ensino assim, os nosso filhos (mesmo os PHDA) terão uma chance de integração, de adaptação e muito provavelmente poderão deixar a medicação e passarão a ser respeitados e aceites como são. Poderão desenvolver-se e crescer livremente e seguir as suas áreas de aptidão.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

PHDA: Eu não sou doente



Será que vou conseguir me explicar?  Pelo menos vou tentar.

Sei que a sociedade no geral vê a PHDA como uma doença, algo que tem que ser concertado, "curado". Mas não é assim que eu me sinto, eu não preciso de cura, nem de concerto. A PHDA é uma alteração neurológica que afecta no nosso comportamento, por isso a maioria de nós acaba por ser acompanhada por pedopsiquiatras e psiquiatras, pois lidam melhor com as nossas alterações e ajudam-nos a ultrapassar a nossa ansiedade e as depressões que são devidas à pressão que sofremos ao longo da vida para nos adaptarmos, para tentarmos ser normais e aceites.

Sim, eu tomo a medicação para melhorar alguns aspectos do meu dia a dia, mas melhorar para os outros e perante os outros, pois na sociedade de hoje temos que ser os melhores... os mais controlados, com melhores rendimentos, as melhores notas, mas ser os mais felizes?! Não?

A pressão vivida/sofrida por nós socialmente e mesmo nas famílias são esmagadoras para a maioria, pois passam a sentir-se incapazes, burros, atrasados, mesmo incompetentes. Isso gera um sofrimento enorme e a nossa saúde mental deteriora-se gravemente.

Eu sou feliz sendo PHDA, pois ela não me define, apenas faz parte das minhas caracteristicas. Eu sou feliz sendo impulsiva, faladora, sonhadora... Mas por vezes chego atrasada, esqueço-me de detalhes do cotidiano, procrastino as tarefas monótonas. É essa faceta menos boa que faz com que procure a ajuda de um especialista, é por isso que eu tomo a medicação; mas não deixo que me mude no essencial, no que me faz ser quem sou, que me define.Nem faz com que me sinta doente ou deficiente.

Sim, tenho a profissão que gosto, por escolha minha (sem interferências), e fiz uma universidade sem medicação, sem terapias/terapeutas.. apenas porque gostava do que estava a fazer, do que estava a aprender (num país muito mais livre de preconceitos e barreiras), com a minha PHDA fui uma das melhores da turma, sem nunca ter chumbado (na universidade), por paixão.. e no desempenho da minha profissão é igual, trabalho por amor à camisola, sem querer ser melhor que ninguém. Sendo apenas eu!

Compreendam... nós apenas precisamos ser aceites, ser compreendidos. Que a sociedade pare de tentar criar humanos robotizados, todos com os mesmos ideias, as mesmas capacidades, dentro das mesmas caixinhas... se alguma coisa tem que mudar é a sociedade, não eu!

Eu adoro a balburdia da minha casa, da minha família, do riso fácil e sincero, da gargalhada franca e aberta, isso é ser feliz!

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

A alegria de não esquecer


Pode parecer irrlevante ao comum mortal lembrar-se das suas tarefas, compromissos ou necessidades, mas para nós é um tormento.

É por vezes incrivel a alegria que sentimos quando nos apercebemos de que não nos esquecemos de algo. Como ir por gasolina ou mesmo ir beber água porque temos sede.

O nosso problema com o défice de atenção nem sempre são os grandes esquecimentos, sim os pequenos e diários. Esquecermo-nos do telemóvel, das chaves, dos óculos... Ligarmos para casa do trabalho e o que ouvimos é: " do que é que te esqueces-te desta vez?" e a seguir uma gargalhada... pois somos os 5 assim e percebemos o que se passa com o outro.

São incontáveis as vezes em que entro no carro e penso que tenho que ir abastecer antes de iniciar a viagem, mas ao sentar-me atrás do volante entro em piloto automático e só me lembro de que vou a caminho de..., e a necessidade de abastecer o carro para a mesma viagem passa-me ao lado, indo depois durante o trajecto em busca de um posto de abastecimento e a rezar para o combustível chegar até lá. Em geral quando sei que tenho que ir a algum lado abasteço logo, nem que sejam dois dias antes, pois assim estou garantida.

Numa das últimas viagens que fiz com a família, esqueci-me de abastecer na volta e eramos três para nos lembrar-mos e somos os três DAH!Ou seja esquecemo-nos... mas tinham-me pedido para ir comprar umas coisas a Tuy e eu lembrei-me e não virei em Valença, segui em frente, com os outros dois a perguntar-me aonde ia? e quando eu respondi a Tuy... Fizeram a festa: " Ena... lembraste-te!! Que fixe!"

Mas há pior que isso, quando nos levantamos porque temos sede a vamos à cozinha buscar água, mas no trajecto acabamos por ir ao quarto ou à casa de banho e voltamos para a sala com sede? Ou ainda quando nos levantamos do nosso lugar e nos pomos a perguntar o que é que eu ia fazer?

E as compras de super mercado? Onde por impulso podemos comprar o que não nos faz falta e esquecemo-nos do essencial?! E lá voltamos nós uma segunda vez para os itens esquecidos. Melhor? Começar a cozinhar, pois decidimos fazer a receita X e fizemos as compras, mas a meio descobrimos que nos falta o ingrediente esssencial? Que frustração sentimos, que RAIVA!!!

Por isso, quando por vezes nos damos conta de que planeamos algo e conseguimos não nos esquecer ficamos com caras de parvinhos a rir à toa, sem que as pessoas a nossa volta percebam. Podem acreditar é uma alegria, pois para nós é um grande feito.

A imagem deste texto está ao lado da nossa porta da rua e mesmo assim lá temos um esquecimento de um desses itens...