quarta-feira, 12 de agosto de 2015

PHDA: Eu não sou doente



Será que vou conseguir me explicar?  Pelo menos vou tentar.

Sei que a sociedade no geral vê a PHDA como uma doença, algo que tem que ser concertado, "curado". Mas não é assim que eu me sinto, eu não preciso de cura, nem de concerto. A PHDA é uma alteração neurológica que afecta no nosso comportamento, por isso a maioria de nós acaba por ser acompanhada por pedopsiquiatras e psiquiatras, pois lidam melhor com as nossas alterações e ajudam-nos a ultrapassar a nossa ansiedade e as depressões que são devidas à pressão que sofremos ao longo da vida para nos adaptarmos, para tentarmos ser normais e aceites.

Sim, eu tomo a medicação para melhorar alguns aspectos do meu dia a dia, mas melhorar para os outros e perante os outros, pois na sociedade de hoje temos que ser os melhores... os mais controlados, com melhores rendimentos, as melhores notas, mas ser os mais felizes?! Não?

A pressão vivida/sofrida por nós socialmente e mesmo nas famílias são esmagadoras para a maioria, pois passam a sentir-se incapazes, burros, atrasados, mesmo incompetentes. Isso gera um sofrimento enorme e a nossa saúde mental deteriora-se gravemente.

Eu sou feliz sendo PHDA, pois ela não me define, apenas faz parte das minhas caracteristicas. Eu sou feliz sendo impulsiva, faladora, sonhadora... Mas por vezes chego atrasada, esqueço-me de detalhes do cotidiano, procrastino as tarefas monótonas. É essa faceta menos boa que faz com que procure a ajuda de um especialista, é por isso que eu tomo a medicação; mas não deixo que me mude no essencial, no que me faz ser quem sou, que me define.Nem faz com que me sinta doente ou deficiente.

Sim, tenho a profissão que gosto, por escolha minha (sem interferências), e fiz uma universidade sem medicação, sem terapias/terapeutas.. apenas porque gostava do que estava a fazer, do que estava a aprender (num país muito mais livre de preconceitos e barreiras), com a minha PHDA fui uma das melhores da turma, sem nunca ter chumbado (na universidade), por paixão.. e no desempenho da minha profissão é igual, trabalho por amor à camisola, sem querer ser melhor que ninguém. Sendo apenas eu!

Compreendam... nós apenas precisamos ser aceites, ser compreendidos. Que a sociedade pare de tentar criar humanos robotizados, todos com os mesmos ideias, as mesmas capacidades, dentro das mesmas caixinhas... se alguma coisa tem que mudar é a sociedade, não eu!

Eu adoro a balburdia da minha casa, da minha família, do riso fácil e sincero, da gargalhada franca e aberta, isso é ser feliz!

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