sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Eu, a PHDA e o autismo.


Embora eu tenha conseguido terminar os estudos e ter uma profissão que adoro e ser competente no meu trabalho.

Na minha vida social a coisa não corre tão bem. Desde criança sempre me foi difícil estar em ou na sociedade a ouvir: que estás distraída, não consegues fazer isso, acorda, porta-te bem, cumprimenta as pessoas, está quieta... Onde eu limpava com a mão cada beijo que me davam, pois isso era muito perturbador para mim ou ser abraçada.

A nossa auto-estima vai caindo de dia para dia. Sem que ninguém se lembre de olhar para nós ou de se preocupar se estamos bem naquele ambiente, de nos reforçar os comportamentos positivos. Se te portas-te bem não fizes-te mais que a tua obrigação, pois temos que ser "normais".Isso numa época em que não havia PHDA, Autismo, nenhuma explicação para o nosso comportamento.

Com isso nós começamos a recear as reacções do próximo, dos colegas, da família... Começa-mo-nos a controlar ao máximo, tentamos não nos mexer, não falar muito e começamos a perder as poucas habilidades sociais que temos, começamos a reagir mal aos primeiros contactos, a repensar as nossas atitudes. Fechamos-nos no nosso mundinho, na nossa mente. Ainda hoje tenho dificuldades a iniciar uma conversa com estranhos, na família sou a ovelha negra e esquisita, com filhos diferentes.

Meu mundo é a minha família próxima, pois tenho ainda dificuldades em me incluir na família alargada, porque eu tenho que "fingir ser normal" o que é muito difícil ou me isolar de todos.

Apenas saio para trabalhar, lutar pelo bem estar dos meus filhos e passear o que é sempre para longe, assim ninguém me vê e me julga.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

A relação com o tempo



Eu e muitos portadores de PHDA sabemos o que é olhar para o relógio a tentar ser pontual e a luta diária para sair de casa a horas, mas o tempo simplesmente perde-se e nós perdemos-nos com ele!
Eu juro que olho para as horas e ainda tenho tempo e quando olho novamente estou atrasada. Não consigo explicar a relação que tenho com o tempo. Parece a areia que me corre entre os dedos por mais que eu aperte a mão ela cai e quando a abro apenas tenho vestígios da areia que tentei prender.

E a sensação de descobrirmos que mais uma vez alguém está a nossa espera... mais uma vez o olhar de quem espera por nós... mais uma vez o pedido de desculpas pelo atraso. O desespero de nos apercebermos que não conseguimos fazer diferente!

Imaginem agora uma casa com cinco PHDA's: Pai, mãe e 3 filhos adolescentes, onde todos se perdem, se confundem com o tempo, se distraem, ou simplesmente esquecem o compromisso, as horas, o tempo. A mãe a apertar com todos para que se despachem, quando também ela luta contra o relógio, a angustia, a ansiedade e principalmente o receio de todas as acusações e reprovações de que ela vai ser vitima, pois... uma mãe deve manter a família em ordem, pontual....

Agora imaginem essa mesma mãe a ter que por um dos filhos de castigo e simplesmente esquecer-se no dia seguinte do castigo... E só se aperceber que que isso acontece porque o filho mais novo contou à pedopsiquiatra? Se me esqueço disso como não me vou perder no tempo que é tão efémero... que me abandona e deixa a deriva nos meus atrasos sistemáticos.

O Preconceito


Um recado para quem tem partilhado no seu mural links que se tem propagado como “spam” sobre "o inventor" do PHDA, onde afirma que a PHDA não existe"... Ou que é uma doença inventada ou que os pais apenas querem os seus filhos "obedientes"...
Parabéns!! Você foi manipulado e demonstrou ser uma pessoa sem conhecimentos da causa, mas que contribuiu para o sofrimento dos portadores da PHDA e para o aumento do preconceito dos quais somos vitimas diariamente.

Já nos é bastante doloroso e confuso termos que viver o nosso dia a dia, com as distrações, os esquecimentos, os nossos atrasos, o olhar reprovador dos nossos colegas e dos nosso chefes. Não precisamos que também andem a dizer que isso é uma desculpa, que não existe, que é falta de esforço.

Os artigos científicos que provam a existência da PHDA, não estão no Facebook, mas em congressos e simpósios de especialistas, além de estar documentada na DSM - V e de existirem mais de 15.000 estudos científicos.

ESCLARECENDO OS FATOS…


Na verdade as Declarações na entrevista do Dr. Leon Eisenberg é sobre diagnósticos errados e não sobre o transtorno do Déficit de Atenção em si. Segundo o qual a Atenção voltada no artigo de origem é sobre a necessidade de uma avaliação cuidadosa e rigorosa.

A versão em alemão do artigo de Der Spiegel publicado em 2012, analisava sobre com ceticismo o grande aumento nos diagnósticos de transtornos mentais... E Sobre a real Tradução não se declarou que o PHDA era uma doença fictícia. Mas então o que Dr. Leon Eisenberg disse que pudesse ser distorcido por alguns Mídia mal intencionados?

Bem sobre a tradução do artigo que gerou essa polémica por ter sido mal traduzido em alguns softwares de tradução... Alemães Nativos dizem que ao ler toda a DECLARAÇÃO NO CONTEXTO, afirmam que DR. EISENBERG NÃO ESTAVA a Declarar QUE O PHDA NÃO É UM TRANSTORNO REAL, MAS QUE É HIPERDIAGNOSTICADO
O Trecho da real declaração diz:

"A predisposição genética para o PHDA é completamente superestimada." em vez disso, psiquiatras infantis devem determinar mais detalhadamente as razões psicossociais que podem levar a problemas de comportamento”, disse Eisenberg.


Informem-se ante de falar.


domingo, 26 de janeiro de 2014

As crianças PHDA


Muito se fala nas crianças hiperactivas, mas quem são elas na realidade?

Serão realmente as crianças mal educadas que encontramos nos café e nos hipermercados? Não! Essas são crianças sem limites, sejam elas portadoras de PHDA ou não.

Os portadores de PHDA podem ser imaturos, confusos, esquecidos, impulsivos, alguns serão hiperactivos, outros desesperadamente lentos. Mas são também entusiasmados, amorosos, familiares, engraçados. São crianças espontâneas, transparentes, sem malícia e nobres.

São crianças pelas quais vale a pena lutar, pois tudo o fazem, fazem por não conseguirem melhor, por não controlarem a sua impulsividade, por não controlarem as suas emoções.

Mas como todas as outras crianças tem que ter os limites impostos, o facto de andarem de um lado para o outro, estarem sempre a mexer na cadeira, a correr e a falar sem pensar, não impede que aprendam a respeitar os mais velhos, a pedir desculpas, pedir por favor e dizer obrigado.

Por isso aprendam a distinguir uns dos outros, e não culpem os portadores de PHDA pelas crianças sem educação e limites que por ai andam.


Desabafo de mãe


Ser mãe de seres humanos especiais é uma prenda.... e um desafio.

Nós, pais, há muito que os aceitamos com todas as suas características e a sua maneira de ser.

Não precisamos de os medicar para que nos obedeçam, medicamos-los para se adaptarem melhor em sociedade e na vida escolar. Para serem melhores aceites pelos seus pares.

Mas, acreditem que para eles não é fácil. Eles tem que lutar diariamente contra a sua falta de concentração, a sua impulsividade. Tem que tentar gerir as suas emoções, com as quais não sabem ainda lidar.

E pior, ter que se sentir postos de lado pelos colegas, que não os convidam para as brincadeiras no recreio, a menos que a brincadeira sejam eles, com Bulling, gozações, humilhações. E as auxiliares das escolas ou nem se apercebem ou se percebem, ignoram, para não levantar ondas.

Nas salas de aulas ouvem palavras, como "burrinho", "atrasadinho", "preguiçoso", desatento.... do adulto que os devia estar a estimular e a apoiar. Os pais nas reuniões escolares ouvem a famosa frase do "eles tem muitas capacidades, mas não as usam", são distraídos". Mas quando falamos em reforço positivo ou educação positiva, estamos a mimá-los... isso não funciona, são coisas da psicologia moderna. Nós como pais temos que os forçar a estudar mais, a decorar.....( e eu fico na dúvida, não é para aprender que eles vão à escola???) e o meu papel não é o de ser mãe? educar?


Quando é que os pais vão ter tempo de educar se temos que estar até às 22:00 a força-los a estudar, a decorar a tabuada, etc?

Essas marcas ficam para toda a vida. Cabe a nós como pais tentar reduzi-las, amenizá-las.