terça-feira, 28 de julho de 2015

PHDA: A Harmonia no Caos




Existem muitos textos publicados sobre como lidar com a PHDA em família, mas em todos esses texto há grande falha, os pais com PHDA.

Como refere o texto anterior a PHDA é maioritariamente genética, ou seja numa família com uma criança PHDA teremos quase de certeza um dos pais com PHDA.

Como a discução sobre a PHDA se centra na criança, os técnicos esquecem-se de que muitas dessas crianças estão a ser educadas por pais com as mesmas dificuldades dos filhos. O que dificulta a imposição e manutenção de regras ou de rotinas.

É uma dificuldade aumentada conseguir manter a organização de uma família assim, pois os pais precisam se organizar para conseguir organizar os filhos. O levantar de manhã, conseguir que as crianças se despachem para chegar a horas à escola, preparar as roupas, as mochilas, os pequenos almoços e os lanches, quando ainda temos que nos organizar para chegarmos nós a tempo ao emprego.

Por vezes temos situações caricatas como: o facto de pormos um dos miudos de castigo e nos esqueçermos que ele estava de castigo, foi numa consulta com a pedopsiquiatra que descobrimos isso, pois o mais novo disse-lhe: "Os meus pais põe-me de castigo e depois esqueçem-se".

Uma das soluções encontradas foi a criação de quadros com as tarefas diarias de cada um, com os castigos, assim não nos esqueçemos do que temos que fazer e das consequências dos nossos actos. Eu tenho uma agenda com todos os compromisso e com alarmes.

Mesmo assim, apesar de ambos os pais sermos PHDA, conseguimos educar três cianças com PHDA, com comorbilidades diferentes. Crianças que se transformaram em adolescentes educados, que se aceitam na sua diferença.

Foi uma aprendizagem ao longo dos anos, fomos aprendendo com eles, fomos nos informando e fomos nos adaptando a cada situação. Sei que não fomos os melhores pais, sei que falhamos em muitas coisas e hoje olhando para trás teria mudado algumas coisas, teria lutado mais por outras. Mas nunca pusemos os nossos filhos em causa, nunca os culpamos pelas suas caracteristicas, pelo que era imutável neles. Nunca consideramos que nos dessem mais trabalho. Em parte porque os três são PHDA, em parte por semos nós os dois também PHDA (sem sabermos).

Teria nos dado imenso jeito ter tido alguém com quem falar, exemplos com que aprender, mas os nossos filhos fazem partes dos primeiros diagnósticos em Portugal, aliás o primeiro diagnostico deles foi realizado em Espanha e a medicação era comprada lá, pois Portugal ainda não tinha Metilfenidato à venda. Podemos dizer que fomos alguns dos que desbravamos o caminho para os PHDA de hoje.

Como nunca sentimos que a PHDA fosse culpa de alguém, nunca tivemos vergonha do diagnóstico, sempre falamos abertamente sobre ele, lutamos pelo seu reconhecimento e pelo devido respeito às nossas diferenças. Também nunca usamos a PHDA como uma desculpa (apesar de algumas pessoas assim o verem), mas como uma explicação para alguns dos nossos comportamentos e para nos concientizarmos da nossa necessidade de luta diária contra algumas das nossas caracteristicas.

Neste momento podemos dizer que somos uma família estável emocionalmente (à nossa maneira), somos um exemplo de que é possível viver em pleno com a PHDA.

Somos a HARMONIA NO CAOS!



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