sexta-feira, 3 de julho de 2015

Afirmar que a PHDA não existe é uma irresponsabilidade




Eu acredito na PHDA! Não apenas por que um médico diagnosticou os meus filhos, mas por tudo o que foi estudando e descobrindo sobre a PHDA ao longo dos anos.

Afirmar que a PHDA não existe é irresponsável e imprudente.

Alguns setores da sociedade pensam que é uma “doença da moda” por ignorância sobre a própria perturbação e das suas características, das terríveis consequências pela falta de tratamento adequado e precoce. A principal consequência que esta dúvida cria é uma maior instabilidade aos seus portadores e às suas famílias, além de uma dúvida cruel sobre os novos diagnósticos e se os pais devem ou não aceitar medicar as crianças o que pode provocar um atraso no diagnóstico precoce e no tratamento atempado, ou mesmo privá-las de um tratamento que não deve ser exclusivamente farmacológico para uma melhoria na qualidade de vida dos seus portadores.

Estamos na época da facilidade e rapidez da informação através da Internet, em que qualquer um pode criar conteúdos (mais ou menos fidedignos) e expor as suas opiniões sem que estas tenham que estar baseadas ou mesmo fundamentadas em algo, ou pudesse mesmo alterar conteúdos deturpar palavras (como a famosa entrevista do criador da PHDA) e essas opiniões podem se tornar virais, sem se pensar nas consequências que poderão ter e/ou quem poderão prejudicar. Mas muitas vezes essa aparente vantagem da internet, está longe de ser uma fonte de informação adequada que possa ajudar na compreensão da PHDA e alertar para as consequências de uma falta de tratamento.

Declarações de como a PHDA é nova doença, fictícia, invenção do século, invenção da indústria farmacêutica ou as supostas declarações do Dr. Leon Eisenberg, ecoam na internet sem um pingo de provas ou dados verificáveis. Na mídia não existem filtros para garantir a precisão das informações e ninguém deveria publicar e divulgar notícias sem fundamento. Mas, graças a este meio também podemos encontrar fontes fidedignas em que esclarecem sobre a evolução do estudo e diagnósticos desta perturbação ao longo dos tempos e das novas descobertas.

Como diz o Dr. Nuno Lobo Antunes no seu texto da semana passada à LUX:
Detesto lugares comuns, outlets do pensamento, onde se compram a pronto, e com desconto, imitações da inteligência. Diz-se que devemos respeitar a opinião dos outros: mentira! Há imensas opiniões que não respeito, pois não têm qualquer valor. Ter opinião dá imenso trabalho, quem não teve esse trabalho que se cale.

A PHDA pode ser um tema que gera controvérsia e que as opiniões podem permanecer divididas, onde o principal argumento é de que há uma falta de evidência científica sobre "diagnóstico" (e não sobre a sua "existência") e há uma falta de critérios unificados ou mesmo ferramentas confiáveis para normatizar um diagnóstico mais preciso.

Posso aceitar que se tenha uma opinião favorável ou contra a medicação, que cada um possa decidir se a querem tomar ou dar aos seus filhos, mas não que tenham dúvidas sobre a sua eficácia ou mesmo sobre a segurança na toma da medicação. Aceito que o facto de a medicação apenas ter uma vida útil limitada e servir apenas como apoio e não como um método de cura nesse dilema.

Na minha família fazemos uso consciente e orientado, por especialistas, da medicação. Não precisamos da medicação diariamente, aprendemos a nos aceitar e a gostar de nós como somos, mas temos consciência de que a medicação nos ajuda na nossa performasse profissional, na nossa concentração, para a realização de tarefas.

Não posso negar ou afirmar que existam diagnósticos errados de PHDA, apenas posso dar a minha opinião de que que sim, mas também acho que existem muitos PHDA ainda sem diagnóstico e sem tratamento. Também a haverá casos de crianças medicadas sem necessidade e de quem ouvimos falar sobre como a medicação não funciona ou cria “crianças Zombie” e cada vez que um caso desses é divulgado a credibilidade na PHDA e no seu tratamento diminui e as dúvidas surgem em muitos pais inseguros.

A prevalência da PHDA não é crescente, continua entre os 3 e 7% . O que pode ter mudado em Portugal foi o aumento nos diagnósticos, mas não porque há um interesse da indústria farmacêutica, mas porque existem milhares de famílias que estão lutando incansavelmente contra a PHDA e as suas consequências. Também existe uma maior divulgação, mais conhecimentos sobre a perturbação, sobre o seu diagnóstico e, consequentemente, haverá um aumento dos agentes envolvidos no tratamento, incluindo a medicação.

Por isso negar a existência do PHDA é privar as pessoas afetadas e às suas famílias um bom tratamento e isso é irresponsável e imprudente.

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