segunda-feira, 18 de maio de 2015

A PHDA e as mulheres



Através de várias pesquisas sobre a prevalência de género na PHDA sabemos que proporção sexual varia em cerca de 1: 3 a 1: 6 (meninos: meninas) (Ramos-Quiroga et al., 2006). No entanto, esta proporção se vai igualando em adolescentes e é equivalente na idade adulta. No entanto, a PHDA é diagnosticada e tratada com mais frequência em homens que em mulheres (Ramos-Quiroga et al., 2006).

 De acordo com o Centro Nacional de Recursos em AD / HD Crianças e Adultos com AD / HD (CHADD) pouca é a informação que faz referencia à PHDA nas mulheres, devido aos poucos estudos nesta população. A maioria das informações que temos sobre esta população é baseada na experiência clínica dos profissionais de saúde mental que se especializam no tratamento de mulheres adultas.

Esta lacuna de informação, possivelmente, é porque as mulheres não são diagnosticadas enquanto são crianças e que muitas vezes passam despercebidas, e são sub-diagnosticadas devido as diferenças na expressão dos sintomas da PHDA (tem maior probabilidade de apresentarem o tipo predominantemente desatento sem hiperactividade e são menos propensas a ter mau desempenho escolar e/ou problemas de comportamento).

Na prática clínica, vemos que muitas vezes, as mulheres começam a reconhecer a sua própria PHDA quando os seus filhos são diagnosticados. E há medida que vão aprendendo sobre a PHDA vão identificando padrões, sintomas e condutas semelhantes a quando elas eram jovens.

Já em 1994, Biederman et al., assinalam que as mulheres com PHDA apresentam maiores taxas de depressão major, ansiedade, transtornos de humor, o insucesso escolar e dificuldades cognitivas. Essas comorbilidades são geralmente diferentes daquelas consideradas em meninos com PHDA devido à acção directa da flutuação dos níveis hormonais nas mulheres.

As desregulações hormonais que afectam as mulheres podem levar a grandes mudanças de humor, irritabilidade e reactividade emocional. Estas começam na puberdade, incrementado os sintomas da PHDA na infância (menos reactiva e mais centrada no défice de atenção) e intensifica-se na adolescência e na vida adulta, sendo o distúrbio mais identificável nesta idade. Embora o número de mulheres identificadas com PHDA na idade adulta seja pequeno, acontece também que as alterações hormonais associadas com a menopausa intensificam novamente a reactividade emocional.

É Importante realçar que a diferença entre sexos não é nos sintomas, mas sim na variada expressão ou manifestação destas e no seu impacto na funcionalidade de homens e mulheres. A morfologia cerebral é igual em ambos os sexos, mas a expressão dos sintomas é muito diferente, já que se manifestam na dependência da interiorização do controlo sobre as suas actividades diárias. Se este controle é eficiente, actua em função das circunstâncias adaptando-se a elas, mas se esse controle não está interiorizado aparece como externo e a pessoa sente-se vítima das circunstâncias que controlam a sua vida e os seus esforços tornam-se ineficazes.

As meninas geralmente têm uma tendência a perder o controlo interno antes dos meninos. Na idade adulta, suas dificuldades podem ser ampliadas devido à sensação de impotência e baixa auto-competência, apesar de terem grandes qualidades, a tomada de decisões na sua vida irá gerar sérios problemas e frustrações. Como por exemplo:
 • Não sabem ou não conseguem exercer a sua liberdade.
 • Quando atingem 50 anos as alterações hormonais são ao vivo e sofrer de forma aguda.
 • Se são mães, o descontrolo interior, a desatenção e desorganização impedem que consigam o nível de organização necessária para levar a família.
 • No trabalho, os sintomas acima são exacerbados ante as demandas sociais.

 O Centro de Recursos Nacional de AD / HD Crianças e Adultos com AD / HD (CHADD) assinala que as mulheres diagnosticadas com PHDA em comparação com as mulheres sem PHDA são mais propensas a ter sintomas depressivos, têm níveis mais elevados de stress e ansiedade, têm mais tendência a atribuir os seus sucessos e as suas dificuldades a factores externos, como o azar (centro de controle externo), têm níveis mais baixos de auto-estima e as tomadas de decisões estão mais influenciadas pelos aspectos emocionais (reactividade emocional) que pelos processos análise e reflectividade.

É por esta razão que as mulheres com PHDA exigem intervenções e estratégias na aquisição:
 • Auto-controle e técnicas de controlo emocional.
 • Comunicação assertiva.
 • Análise guiada na solução dos problemas.
 • Compreender e aceitar os desafios da PHDA, identificando os seus pontos fortes e as suas debilidades.
 • Identificar as fontes de stress na vida diária e fazer mudanças sistemáticas na vida para reduzir os níveis de stress.
 • Simplificar a vida, hierarquizar e priorizar as suas necessidades e tarefas.
 • Procurar estrutura e apoio na família e amigos.
 • Procure orientação na gestão e manejo das crianças.
 • Encorajar um clima familiar positivo, emocional, cooperativo, com equidade na distribuição de tarefas com apoios emocionais.
 • Programação períodos de retiros diários para elas mesmas.
 • Canalizar o excesso de energia, a ansiedade e as emoções negativas através de actividades lúdicas, desportivas, artísticas, etc.
 • Desenvolver hábitos saudáveis de auto-cuidado, como a higiene do sono, uma boa nutrição, exercício, etc.

Traduzido de: http://www.fundacioncadah.org/web/articulo/tdah-y-mujer.html, por Anabela Gomes

Sem comentários:

Enviar um comentário