sábado, 11 de abril de 2015

A PHDA em primeira pessoa


É extraordináriamente comovente vermos uma criança realizar este relato em 1ª pessoa da sua vivência como PHDA

Esta é uma miúda mexida, alegre, doce, sensível que se conhece e sabe quais as suas características, que se sente bem e feliz no seio familiar, sente-se compreendida, acarinha e principalmente valorizada. Mas que quando muda de cenário social as coisas alteram-se e sente-se frustrada, menos feliz, pois fazem-lhe notar que ela não é como as outras crianças.

Porque não poderá esta e todas as crianças PHDA se sentirem bem com elas mesmas em qualquer contexto? Será assim tão difícil incluir estas crianças numa sala de aulas? Darão assim tanto trabalho ou dores de cabeça?

Ninguém diz a uma criança em cadeiras de rodas para ela se levantar e andar, sabemos que ela não irá conseguir. Pois o mesmo se passa com um PHDA, ele não consegue estar quieto, não consegue ter apenas um foco de atenção, a sua atenção vagueia por todos os cantos, por todos os barulhos, por todas as conversas. Esse controlo sobre as caracteristicas da PHDA é impossivel e não passa com a juda de um comprimido, de um psicologo. Têm que entender que um problema neurológico e que só com o tempo e muita paciência irá sendo controlado.

 A PHDA não é falta de concentração por falta de empenho, de vontade ou um comportamento indisciplinado resultante da falta de educação e regras pelos pais. Se todos os pais de crianças sem PHDA se empenhassem da mesma maneira que os pais de crianças com PHDA na educação dos seus filhos, todos seriam uns génios, muito bem educados, comportados e organizados.


Eu convivo diariamente com várias destas crianças e o que consigo ver são crianças amorosas, meigas, mexidas, que me dão um prazer enorme com as suas expressões, as suas saídas impulsivas, mas maioritariamente engraçadas, nas respostas. Mas é também comovente sentir as suas magoas, sentir como estão magoadas por não serem sempre aceites ou compreendidas. E elas apercebem-se dos olhares reprovadores, da voz sem paciência

Sim, acredito que será realmente aborrecido para algumas pessoas estarem num café e terem uma criança aos berros, a pular nas cadeiras, sempre a mexer e a correr. Mas será que essas mesmas pessoas não seriam capazes de ver a alegria e a felicidade que emana dessa mesma criança? Mas faço uma ressalva, nem toda a criança mexida, irrequieta é PHDA, muitas vezes são simplesmente crianças. Se algumas ultrapassam os limites? sim, mas mesmo essas não serão todas PHDA.

Muitas crianças fazem birras e choram e exigem.... Sim, mas aí o problema é educacional, pois as crianças sem limites ou sem regras podem se comportar muito pior que um PHDA.Tendo ou não um diagnóstico, que por acaso só será realizado por volta dos 6/7 anos, a educação é fundamental.

Pensem também que aborrecido é para os PHDA serem rotulados de mal educados por comportamentos impulsivos, que não conseguem controlar, antes de criticarem vejam se realmente aquela criança tem falta de educação, se tem falta de regras.

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