sábado, 4 de abril de 2015

Felicidade X escola




Sei que a minha família não é normal, mesmo dentro do quadro da PHDA nós saímos do esperado, do comum.

Tenho lutado pela aceitação da PHDA dentro das suas características, não consigo nos ver como doentes. Não, não somos doentes, somos diferentes. Claro que precisamos de ajuda para nos encaixarmos na sociedade, precisamos de terapias para nos adaptarmos à vida monótona, cada vez mais mecanizada de hoje em dia.

Mas como disse no inicio a minha família é diferente, em casa lutamos pela felicidade de todos, por nos aceitarmos como somos e gostarmos de nós por isso mesmo. Essa aceitação é a base de tudo, do nosso relacionamento, a nossa estabilidade emocional.

Cada um de nós tem as suas comorbilidades, as suas características e não é um mar de rosas, não andamos todos aos saltinhos de felicidade, temos muitas dificuldades que são acrescidas por vivermos num meio muito pequeno. Sim, os miúdos têm problemas com os seus pares, foram vitimas de bullying físico, mas maioritariamente psicológico.

Os problemas com a escola são longos e duradouros, como conseguir explicar ao professores que eles não usam todas das suas capacidades porque eles lhe pedem o uso das capacidades erradas. Eles não são capazes de memorizar a tabuada, têm que a perceber e depois serão capazes de utilizá-la, mas não serão papagaios a repeti-la; conheceram os factos históricos, saberão o que aconteceu antes e depois, mas não irão decorar as datas. Por mais explicações que demos, por mais relatórios que apresentemos nunca serão percebidos, pois segundo a escola eles não são burros, são sim preguiçosos e desatentos e os pais não se esforçam o suficiente em casa para os ajudar e os fazer estudar. E cada explicação é apenas uma desculpa para o comportamento dos nossos filhos.

Não fazem esses senhores ideia do tormento que os pais e os miúdos sofrem diariamente com os TPC's e a tentar estudar para os testes que por milagre conseguiram saber as datas. A rotina familiar fica resumida a trabalhos de casa, gritos, castigos,  choros e desgostos, uma verdadeira infelicidade.

Ao longo dos anos fomos no apercebendo de que a escola é que mandava em casa e a qualidade de vida familiar estava reduzida ao mínimo. Foi aí que demos o basta, optámos pela nossa felicidade, pela harmonia familiar e deixámos de massacrar os miúdos, pois é um verdadeiro massacre. Vão para a escola medicados, com a melhor das intenções e fazem o seu melhor esforço, resultado? negativas, reuniões escolares onde somos repreendidos por não ajudar os nossos filhos.

Descobri que enquanto em casa massacrava os miúdos pelo tpc's éramos vistos pela escola como pais relapsos e quando deixámos de os massacrar continuamos a ser vistos da mesma forma, com uma grande diferença, tínhamos paz e qualidade de vida familiar.

Sinto que cumprimos a nossa missão, formamos bons seres humanos, seres humanos que se aceitam como são, as suas diferenças, que conseguem brincar com isso. Mas que têm respeito pelo próximo, que são honestos, sinceros e verdadeiros.

Quanto à escola? Podem ficar com as notas, com os rankings. Na minha opinião estamos a dar demasiada importância às notas e pouca importância à aprendizagem. Acabaremos por criar seres humanos autómatos, onde apenas o resultado importa e a individualidade é menosprezada.

Se por vezes sinto que falhei? Sim, por vezes. Sei que não sou perfeita, que tenho falhas, mas dentro das minhas capacidades fiz o melhor que pude e conseguimos o nosso objectivo:

Sermos felizes enquanto família e indivíduos.




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