segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

A responsabilidade é da MÃE






Nas minhas andanças, como mãe, pelo mundo das crianças/jovens com dificuldades e características especiais apercebo-me de que a responsabilidade de lutar e resolver os problemas dos filhos cabe, quase, exclusivamente às mães.

Os pais pouco se envolvem, os que o fazem é como apoio à mãe e concordância com as suas atitudes e decisões (muito ajuda quem não atrapalha).

Essa será sem duvida uma luta solitária, onde a mãe tem que lidar com o diagnóstico do filho e com a sua integração na família, na escola e na sociedade.

Pensava eu que vivíamos numa época de igualdade, de divisão de tarefas, problemas, mas a divisão é bem mais simples, a mãe fica com os filhos e os seus problemas, o pai fica com o levar o filho ao futebol ( se for menino). Claro que há excepções, mas são tão poucas.

Nas salas de espera dos consultórios, dos hospitais, nas reuniões da escola vemos apenas a mãe a tentar explicar e fazer compreender as características da criança, as suas dificuldades. Aonde estão os pais? Muitas das vezes a trabalhar. Mas quando se realizam palestras sobre o tema quem vai? As mães. Mesmo quando se realizam grupos de ajuda são as mães que aparecem, cansadas, desesperadas... Se tentamos falar com alguns pais, eles não conseguem realmente explicar o que se passa com o filho, sim, eles sabem o nome pomposo do problema e que o miúdo dá muito trabalho.

Claro que falo principalmente da minha vivência com o PHDA, mas vejo muitas vezes essa situação a repetir-se noutras ocasiões. Como podemos querer mudar a visão do mundo sobre as crianças especiais, se muitas vezes não se consegue sensibilizar os pais? Os casais com filhos especiais tem uma percentagem maior de divórcios. No caso da PHDA essa percentagem é três vezes maior. Provocando que os pais acabem por sair de casa, ficando as mães sozinhas com o problema.

Não falo no meu caso especifico, pois o pai dos meus filhos vai a todas as consultas, a todas as reuniões da escola, debate o assunto, tem opiniões e estratégias, que foi obtendo com a experiência/ vivência dos problemas. Opiniões essas que as outras mães bebem como algo especial. Num grupo on-line com quase 2000 pessoas ele era o único membro masculino activo.Como ele se deve sentir? Orgulhoso, mas com a ligeira sensação de bicho esquisito e provavelmente sem perceber aonde estão os outros pais.

Provavelmente esses pais estão a trabalhar, mas fica a minha dúvida quando é que eles fazem planos de se envolver na vida do/a filho/a? Quando é que vão criar laços e cumplicidade com o/a filho/a? Em geral as crianças especiais precisam imenso de atenção, de exemplos que lhes demonstrem afecto, apoio a cada vitória. Esses pais não têm folgas? Mesmo nas conversas de café com amigos além de futebol e carros e politica não poderiam também ir informando as pessoas e desmistificando os problemas? Teriam que gastar algum tempo a informarem-se mais sobre o assunto, a aprender a viver com o/a filho/a. Isso seria excelente para as mães, pois teriam apoio e poderiam partilhar os problemas e as vitórias.

Acreditem as mães fazem tudo por um filho e conseguem, apesar de todo o esforço, mas seria maravilhoso poderem fazê-lo a dois.


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