sábado, 15 de fevereiro de 2014

A incompreensão




A sensação de incompreensão, de solidão que nos acompanha  no dia a dia é brutal. Magoa profundamente e deixa cicatrizes permanentes.

Lembro-me perfeitamente das minhas noites, na adolescência, das minhas lágrimas, da sensação de solidão, de incompreensão por parte de todos. Por isso, consigo entender o que os meus filhos passam e sentem. Como eles se podem sentir perdidos e sozinhos. Da importância de cada atenção recebida, de cada afeto.

Sim, eu mimo os meus filhos e faço questão de lhes demonstrar todo o meu afeto, todo o meu amor e de lhes reforçar o seu amor próprio. Tento fazê-los perceber o seu valor, como os seres humanos maravilhosos que são. Quero que eles percebam, algo que demorei imenso a perceber, que o respeito por nós próprios e pelas nossas características é fundamental para a nossa saúde mental, para o nosso bem estar. Que não podemos e não devemos passar a vida a tentar agradar o próximo, antes de nós mesmos, não nos podemos apagar. Sim, temos que viver em sociedade, temos que respeitar o próximo e nos tentar adaptar, mas jamais nos anular.

Ainda temos uma grande luta pela frente, sei que vou ter que secar muitas lágrimas, minhas e deles. É uma luta pelo respeito, pela compreensão da PHDA, de tentar fazer com que a sociedade se aperceba que que nem tudo o que fazemos é por mal, em geral foi mesmo sem querer, por impulso, por distração. Não foi por maldade, não foi por descaso ou por não nos preocuparmos.

Espero que os meus filhos e muitos dos PHDA's tenham a minha sorte de encontrar um companheiro que me compreende, que me aceita. Que sabe que me vou esquecer das coisas, das datas. Que vou deixar queimar mais uma refeição, pois não consigo estar quieta a olhar para refeição a espera que ela fique apurada. Mas que sabe que não me importo com as datas, com os dias de São Valentim, ou aniversários.

Nós precisamos sim, de alguém que nos entenda, que nos ouça, que não nos julgue. Alguém com quem podemos relaxar e sermos nós próprios.

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