quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Professores e a PHDA: Sabem o que têm nas mãos?



Com a sigla PHDA referimos-nos a uma perturbação plurisintomática que se denomina Perturbação de Hiperactividade e Défice de Atenção e que tem características muito próprias.

A principal característica é que existe um défice de atenção e/ou hiperactividade - impulsividade que em comparação com o seu grupo de pares tem um registo muito mais elevado. A maioria dos sintomas característicos apareçam muito antes da idade escolar. Mas é só nessa altura que se deve realizar o diagnóstico, pois será nessa nova etapa que os problemas começaram a afectar o desempenho das crianças. Os sintomas devem ser notados em pelo menos dois ou mais ambientes onde a criança está inserida: escola, família e/ou social.

É essencial que, quando um professor tenha uma criança com PHDA na sala de aula, ele consiga separar a criança dos actos da mesma, ou seja, na maioria das vezes a criança não terá noção das consequências das suas acções. Se os profissionais da educação não estiverem preparados para lidar com a variedade de alunos que podem encontrar na sala de aula a qualquer momento, devem tentar obter formação e pedir ajuda sempre que necessário (a maioria dos pais de certeza estará disponível para ajudar).

São inúmeras, variadas e flexíveis as directrizes e estratégias que podem ser seguidas em sala de aula com crianças com PHDA, e, portanto, saber que tipo de percepção têm deles, como eles se comportam ou reagem em certas circunstâncias será muito útil para aplicar a metodologia mais adequada em cada caso.

As crianças com PHDA são estimuladas através do reforço positivo, elas precisam  sentir-se incentivadas e saber que o seu esforço é reconhecido. Um dos aspectos mais importantes a considerar em crianças com PHDA não é a perturbação em si, mas o impacto que esta tem sobre a sua auto-estima. Portanto, os técnico da educação não devem poupar em elogiá-los, apoiá-los e felicitá-los sempre que mereçam.

Em relação ao comportamento e às suas consequências eles nem sempre estarão conscientes deles. Portanto, como profissionais que trabalham com eles, os professores deveram ensiná-los a pensar, fornecer as orientações corretas, adequadas, fazendo-os ver os erros, perceber o seu comportamento e pedir-lhes que  pensem sobre os mesmos. Gradualmente, serão capazes de fazer essa observação por si mesmos e aprenderão a reflectir sobre o seu comportamento e as suas consequências.

Quando tiverem que chamar a atenção de um aluno com PHDA, devem saber como fazê-lo, porque como a maioria das crianças, elas têm um grande senso do ridículo. Para não exacerbar esse sentimento é aconselhável que a reprimenda seja realizada em privado, suavemente e sem elevar o tom de voz. 

Para as crianças com PHDA as regras e os limites são essenciais, proporcionam-lhes segurança, desde que sejam bem estabelecidos, de forma clara, concisa e adaptada à idade da criança. O professor deverá atuar com firmeza, mas sem rispidez: É importante impor a autoridade na sala de aula, mas sem humilhar ou descurar ninguém ao longo do caminho. Estão a lidar com crianças, e os professores serão a figura de referência de autoridade e conhecimento. As regras deverão estar sempre visíveis. E não se devem esquecer que as instruções que lhes dão devem ser curtas, claras, concisas e simples. O mesmo deve acontecer com as regras da classe. Provavelmente terá que as repetir várias vezes, pois quase de certeza a criança com PHDA vai-se esquecer. Deverá ser-lhe dada a oportunidade de as consultar sempre que necessário.

Para fazer isso, e para se adaptar às necessidades específicas apresentadas pela criança, deverão sentá-las num lugar à frente, perto da mesa do professor e com poucos focos de distração.

Quando um portador de PHDA sabe de antemão o que se espera deles isso dar-lhes-á confiança. Portanto, o professor não deve esperar que ela vá adivinhar o que espera dela, é preciso dizer-lhes isso, eles devem saber quais são as expectativas do professor para elas, e que as mesmas devem ser realistas.

Muitas vezes as crianças com PHDA têm matérias de que gostam e que os motivam. Se o professor aproveitar os assuntos que são mais motivadores e onde é maior o prazer de aprender vai quase de certeza reforçar positivamente a criança, uma vez que nas atividades que lhes interessam eles conseguem concentrar-se mais e mostram-se mais dispostos a aprender e trabalhar. Muitas vezes nesses assuntos os seus resultados acadêmicos são superiores.

Um dos aspectos que a maioria dos professores devem saber é da necessidade de movimento para estas crianças, especialmente os mais jovens. Devem evitar que esse movimento seja fútil e torná-lo positivo através da nomeação dele para recados, ser o responsável por limpar o quadro, abrir as janelas, etc (de preferência com um reforço positivo). Com isso irá reforçar a sua auto-estima e a sua necessidade de se movimentar será útil, ele poderá descansar entre as tarefas, fazendo com que consiga voltar a concentrar-se na próxima tarefa.

Normalmente, as crianças com PHDA são imaginativas, alegres, divertidas, espontâneas, etc. Tantas coisas! O professor deve tentar aproveitar essas características e tentar misturá-las com o tédio do seu dia-a-dia: calendários, normas, regras, listas, etc. Isso pode ser feito de uma maneira interessante, colorida! É altamente recomendado que o professor mostre também uma faceta de diversão, mas sem perder o papel fundamental da autoridade. Podem tentar utilizar jogos como um canal de aprendizagem e eles mostrarão uma maior predisposição, serão mais receptivos e a sua auto-estima vai ser elevada, ao mesmo tempo em que a tarefa será muito mais divertida, motivadora.

Algo que os professores não devem perder de vista é a colaboração. E colaboração no sentido mais amplo da palavra, uma vez que abrange muitos campos. De um lado estão a escola onde os profissionais envolvidos direta e indiretamente com a criança e cuja linha de trabalho é importante que tenha uma continuidade estabelecida, do outro lado estão a família e os profissionais de saúde. Para que se consiga os melhores resultados para a criança todos deverão trabalhar em conjunto, fazendo assim com que a criança portadora de PHDA possa evoluir, crescer e avançar e ser feliz!


Baseado no texto de Rocio Martinez Meca.
Professor de Educação Terapêutica da Fundação Cadah.

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