Com a sigla PHDA referimos-nos a uma
perturbação plurisintomática que se denomina Perturbação de
Hiperactividade e Défice de Atenção e que tem características
muito próprias.
A principal característica é que
existe um défice de atenção e/ou hiperactividade - impulsividade
que em comparação com o seu grupo de pares tem um registo muito
mais elevado. A maioria dos sintomas característicos apareçam muito
antes da idade escolar. Mas é só nessa altura que se deve realizar
o diagnóstico, pois será nessa nova etapa que os problemas
começaram a afectar o desempenho das crianças. Os sintomas devem
ser notados em pelo menos dois ou mais ambientes onde a criança está
inserida: escola, família e/ou social.
É essencial que, quando um professor
tenha uma criança com PHDA na sala de aula, ele consiga separar a
criança dos actos da mesma, ou seja, na maioria das vezes a criança
não terá noção das consequências das suas acções. Se os
profissionais da educação não estiverem preparados para lidar com
a variedade de alunos que podem encontrar na sala de aula a qualquer
momento, devem tentar obter formação e pedir ajuda sempre que
necessário (a maioria dos pais de certeza estará disponível para
ajudar).
São inúmeras, variadas e flexíveis
as directrizes e estratégias que podem ser seguidas em sala de aula
com crianças com PHDA, e, portanto, saber que tipo de percepção
têm deles, como eles se comportam ou reagem em certas circunstâncias
será muito útil para aplicar a metodologia mais adequada em cada
caso.
As crianças com PHDA são estimuladas
através do reforço positivo, elas precisam sentir-se incentivadas e
saber que o seu esforço é reconhecido. Um dos aspectos mais
importantes a considerar em crianças com PHDA não é a perturbação
em si, mas o impacto que esta tem sobre a sua auto-estima. Portanto, os técnico da educação não devem poupar
em elogiá-los, apoiá-los e felicitá-los sempre que mereçam.
Em relação ao comportamento e às suas
consequências eles nem sempre estarão conscientes deles. Portanto,
como profissionais que trabalham com eles, os professores
deveram ensiná-los a pensar, fornecer as orientações corretas,
adequadas, fazendo-os ver os erros, perceber o seu comportamento e
pedir-lhes que pensem sobre os mesmos. Gradualmente, serão capazes de fazer essa observação por si mesmos e aprenderão a
reflectir sobre o seu comportamento e as suas consequências.
Quando tiverem que chamar a atenção
de um aluno com PHDA, devem saber como fazê-lo, porque como a maioria das crianças, elas têm um grande senso
do ridículo. Para não exacerbar esse sentimento é aconselhável que
a reprimenda seja realizada em privado, suavemente e sem elevar o tom
de voz.
Para as crianças com PHDA as regras e
os limites são essenciais, proporcionam-lhes segurança, desde que
sejam bem estabelecidos, de forma clara, concisa e adaptada à idade
da criança. O professor deverá atuar com firmeza, mas sem
rispidez: É importante impor a autoridade na sala de aula, mas sem
humilhar ou descurar ninguém ao longo do caminho. Estão a lidar com
crianças, e os professores serão a figura de referência de
autoridade e conhecimento. As regras deverão estar sempre
visíveis. E não se devem esquecer que as instruções que lhes dão
devem ser curtas, claras, concisas e simples. O mesmo deve acontecer
com as regras da classe. Provavelmente terá que as repetir várias
vezes, pois quase de certeza a criança com PHDA vai-se esquecer. Deverá ser-lhe dada a oportunidade de as consultar sempre
que necessário.
Para fazer isso, e para se adaptar às
necessidades específicas apresentadas pela criança, deverão
sentá-las num lugar à frente, perto da mesa do professor e com
poucos focos de distração.
Quando um portador de PHDA sabe de
antemão o que se espera deles isso dar-lhes-á confiança. Portanto,
o professor não deve esperar que ela vá adivinhar o que espera dela, é preciso dizer-lhes isso, eles devem saber quais são as
expectativas do professor para elas, e que as mesmas devem ser realistas.
Muitas vezes as crianças com PHDA têm
matérias de que gostam e que os motivam. Se o professor aproveitar os assuntos que são mais
motivadores e onde é maior o prazer de aprender vai quase de certeza
reforçar positivamente a criança, uma vez que nas atividades que
lhes interessam eles conseguem concentrar-se mais e mostram-se mais
dispostos a aprender e trabalhar. Muitas vezes nesses assuntos os
seus resultados acadêmicos são superiores.
Um dos aspectos que a maioria dos
professores devem saber é da necessidade de movimento para estas
crianças, especialmente os mais jovens. Devem evitar que esse
movimento seja fútil e torná-lo positivo através da nomeação dele
para recados, ser o responsável por limpar o quadro, abrir as janelas,
etc (de preferência com um reforço positivo). Com isso irá
reforçar a sua auto-estima e a sua necessidade de se movimentar será
útil, ele poderá descansar entre as tarefas, fazendo com que
consiga voltar a concentrar-se na próxima tarefa.
Normalmente, as crianças com PHDA são
imaginativas, alegres, divertidas, espontâneas, etc. Tantas coisas! O
professor deve tentar aproveitar essas características e tentar
misturá-las com o tédio do seu dia-a-dia: calendários, normas,
regras, listas, etc. Isso pode ser feito de uma maneira interessante,
colorida! É altamente recomendado que o
professor mostre também uma faceta de diversão, mas sem perder o
papel fundamental da autoridade. Podem tentar utilizar jogos como um
canal de aprendizagem e eles mostrarão uma maior predisposição,
serão mais receptivos e a sua auto-estima vai ser elevada, ao mesmo
tempo em que a tarefa será muito mais divertida, motivadora.
Algo que os professores não devem
perder de vista é a colaboração. E colaboração no sentido mais
amplo da palavra, uma vez que abrange muitos campos. De um lado estão
a escola onde os profissionais envolvidos direta e indiretamente com
a criança e cuja linha de trabalho é importante que tenha uma
continuidade estabelecida, do outro lado estão a família e os
profissionais de saúde. Para que se consiga os melhores resultados
para a criança todos deverão trabalhar em conjunto, fazendo assim
com que a criança portadora de PHDA possa evoluir, crescer e avançar
e ser feliz!
Baseado no texto de Rocio Martinez
Meca.
Professor de Educação Terapêutica da
Fundação Cadah.
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