quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Educar um ou Três PHDA


Todos os pais passam pelo dilema de como educar um filho, que caminho seguir...

Mas primeiro tenho que confessar uma característica minha, nunca tive paciência para crianças mimadas a falar à bebé... Eles são seres humanos com personalidade própria e assim devem ser tratados.

Eu com os meus três pimpolhos segui a minha própria orientação, o que eu e o meu marido achávamos melhor; não quero dizer que fomos os melhores, apenas fizemos o nosso melhor. Daí que os meus foram criados com muito amor, muita compreensão, muito carinho, algum mimo... mas sem serem mimalhos. E principalmente tentamos educá-los com respeito pelos seres humanos que são, pelas suas particularidades e com respeito pelo próximo.

Na primeira consulta da minha filha mais velha, no pediatra recebemos o melhor conselho sobre educação: "Ela tem que aprender primeiro o não, o sim será fácil de aprender depois." E nós seguimos esse único conselho e algumas das minhas teorias de que a criança deve ficar no seu quarto, na sua cama e eu levantava-me as vezes que fossem necessárias para os ver durante a noite, sem preguiça. Não era comodo, mas eles aprenderam logo qual era o seu espaço. Se choravam ia-me certificar do que se passava, se fosse algo importante resolvia... se fosse só para chamar a atenção falava com eles acalmava-os, acariciava-os, mas não os tirava do berço (à noite, claro).

Durante o dia tinham a sua rotina, acordar, comer, brincar... e ao deitar banho, pijama, jantar e cama. Nunca os adormeci, hora de dormir, cama que o sono já vem. Eles sabiam e não choravam e adormeciam relativamente rápido.

Foram crescendo e as regras foram se adaptando à idade, mas sabiam que tinham que dizer, bom dia, com licença, por favor e obrigado. Estas são para mim as palavras bases de uma boa educação.

Sempre foram mexidos, conversadores, distraídos e isso não me incomodava. Era a característica deles e eu repetia as instruções a cada 30 segundos. Ao ponto do meu irmão me acusar de ser muito severa, mas não era, era sim rígida nas regras e essas eram para cumprir, sempre. Nunca dei muita importância ao facto de ter que me repetir constantemente, era necessário, fazia-se.

Um detalhe importante, eu e o meu marido falamos sempre a mesma língua à frente dos miúdos, se discordávamos de alguma atitude falávamos no quarto e se fosse para ser corrigida, era corrigida pelo mesmo, com um pedido de desculpas.

Os meus filhos não tinham apenas regras, havia muitos momentos de diversão, de brincadeira, de gargalhadas, de sessão de cócegas e carinhos. Mas cada uma tinha o seu momento.

Mas voltando atrás, educar um ou três PHDA dá muito trabalho, é um permanente relembrar, repetir, corrigir e gerir muito bem a paciência. Eu digo que educar um PHDA não é para preguiçosos, pois dá o triplo do trabalho de uma criança comum, mas é perfeitamente realizável. Nunca senti que educa-los desse trabalho, era apenas uma responsabilidade assumida pelo facto de sermos pais.

Nós enquanto pais devemos ser educadores, amigos, apoio, mas principalmente exemplo.

Posso dizer pelos resultados que tenho em casa, neste momento, dois adolescentes e uma jovem adulta, que são excelentes seres humanos, educados, meigos, sensíveis, que se preocupam e respeitam os demais. Sei que consegui o meu objetivo, educar bons seres humanos e excelentes filhos e felizes. Continuamos a ter uma relação aberta, de respeito mutuo e de amor.

Mas eles continuam a ser PHDA, a ser tagarelas, mexidos, impulsivos e desatentos... ou como dizemos entre nós somos DAH! (Défice de Atenção e Hiperatividade), ensinamo-los a aceitarem-se, respeitarem-se e a viver com essas características.

Os dois pais somos também PHDA e isso acabou por fazer com que os compreendesse-mos melhor. Mas também por vezes complicava um pouco, muitas vezes nos esquecíamos que estavam de castigo. Não foi um mar de rosas, mas sim uma luta diária contra a sociedade para que eles fossem respeitados. A PHDA nunca foi uma desculpa e sim uma justificação das suas características.

Quanto à vida escolar a nossa preocupação é principalmente com o aspeto formativo do que com o aspeto educativo, as notas para nós nunca foram importantes. Essa para nós foi a pior e mais desgastante luta. 

Se tiver um filho PHDA, não se preocupem demasiado e escolham as vossas batalhas...



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